História

Fundado a 18 de Setembro de 1942, fruto da fusão entre o Carcavelinhos Football Club e o União Foot-ball Lisboa, desde logo o Atlético Clube de Portugal passou a integrar as competições desportivas da época. Num Portugal cinzento e dominado pelos clubes de sempre, o Atlético foi uma lufada de ar fresco e sempre incómodo para os chamados “grandes”.

 

 

O Atlético Clube de Portugal teve o seu primeiro encontro oficial de futebol a contar para a 1ª Jornada do Campeonato de Lisboa na temporada 1942/43, no Campo da Tapadinha (o estádio apenas seria construído três anos depois, em 1945), ainda pelado e com bancadas em madeira. O Atlético teve a sua estreia frente a uma das potências do futebol nacional, o Sport Lisboa e Benfica, tendo um resultado final desfavorável de 1-5. Não foi a estreia desejada, no entanto, tempos melhores estariam por vir para o novo clube alcantarense.

Em 1951, por efeito da obra cultural e desportiva do Atlético, face aos esforços desenvolvidos em prol do prestígio do Desporto Nacional, foi atribuído ao Clube o grau de Oficial da Ordem Militar de Cristo.

Em 1981 foi concedido ao Atlético Clube de Portugal o estatuto de Instituição de Utilidade Pública.

Finalmente, em 1992, por altura das comemorações do cinquentenário da fundação do Atlético, a Câmara Municipal de Lisboa deliberou atribuir ao Clube a Medalha de Mérito Municipal, grau Ouro, enquanto que o Governo da República decidiu galardoá-lo com a Medalha de Bons Serviços desportivos.

Ao longo da sua história o Atlético Clube de Portugal conquistou diversos títulos Nacionais nas mais variadas modalidades, entre os quais se destacam a Taça de Portugal de Basquetebol de 1953/54, as três Taças de Portugal de Voleibol Feminino consecutivas de 1981 a 1983, as três conquistas do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de Futebol de 1944/45, 1958/59 e 1967/68, tendo participado por duas ocasiões na final da Taça de Portugal de Futebol, sendo infelizmente derrotado por 4-2 frente ao Sporting Clube de Portugal em 1945/46 e por 2-1 frente ao Sport Lisboa e Benfica na época 1948/49.

 

 

A sua história é também ela marcada por grandes figuras do desporto em Portugal, com natural destaque para Germano de Figueiredo. Nascido em Alcântara no ano de 1932, foi em 1947 que ingressou nas escolas do Atlético Clube de Portugal, estreando-se na equipa principal no ano de 1951. Durante os 13 anos que passou no clube de Alcântara jogou e encantou como Defesa Central, tendo sido uma preciosa ajuda para a conquista do Campeonato Nacional da 2ª Divisão de 1958/59, época na qual se revelou um goleador, contabilizando 12 golos. Foi ainda no Atético que foi chamado pela primeira vez à Seleção Nacional, na qual acabaria por vir a ser capitão, tendo representado Portugal 24 vezes ao longo da sua carreira. Em 1960 acabaria por se transferir para o Sport Lisboa e Benfica onde viria a ser muito importante para a dupla conquista da Taça dos Campeões Europeus. 

 

 

Outra das grandes figuras do Atlético Clube de Portugal foi Henrique Ben David. Ben David nasceu em Cabo Verde em 1926, tendo vindo para Lisboa no ano de 1946, começando a jogar futebol no Unidos de Lisboa. Rapidamente por razões profissionais acabou por trocar o Unidos pelo CUF do Barreiro, onde jogou 2 temporadas. Nestas 2 épocas no ataque da equipa do Barreiro despertou o interesse dos maiores emblemas da cidade de Lisboa, tendo acabado por escolher o Atlético. Foi no Atlético que brilhou durante 8 temporadas, tendo sindo fundamental para a presença na final da Taça de Portugal de 1948/49, o 3º lugar na 1ª Divisão Nacional em 1949/50 e o 4º lugar na época seguinte. No Atlético apontou 98 golos, sendo considerado um dos melhores avançados do futebol Português, o que lhe valeu a chamada por 6 vezes à Seleção Nacional. Em 1955 acabaria por terminar precocemente a carreira devido a vários problemas com lesões.

 

 


Carcavelinhos Football Club

 

O Carcavelinhos Football Club foi um clube da cidade de Lisboa, mais concretamente em Alcântara, fundado a 14 de Fevereiro de 1912 e extinto a 18 de Setembro de 1942, após fusão com o União Foot-Ball Lisboa, que deu origem ao Atlético Clube de Portugal.

 

 

O Carcavelinhos nasce, como tantos clubes, devido ao confronto de ideias. No final de 1911, no extinto Grupo de Futebol Imperial (fundado em 1908), discutia-se a criação de grupos infantis.

Rufino José de Araújo, um defensor da prática da educação física e do desporto, defendia que as actividades desportivas tinham que ser iniciadas na adolescência. Outros ripostavam com o oposto, que o desporto devia ser exclusivo aos adultos. E numa Assembleia convocada para debater este assunto, Rufino de Araújo e os seus defensores foram derrotados.

 

É então que surge na cabeça de Rufino a ideia de fundar um novo clube em Alcântara. A ele juntam-se Armando Antunes, Mário Procópio, Alexandre Nunes, Armando de Oliveira, Francisco Caldas, Armindo de Oliveira, Henrique Silva, Carlos Gaspar, José Vieira, José Cardoso, Artur Rodrigues, Henrique Abrantes, José, Lopes, Carlos Canuto, Aleixo Nunes, Domingos Santareno, Pedro Rodrigues, Carlos Rodrigues, Serafim Coelho e Bernardo Castanheira. Os fundadores do Carcavelinhos.

Tomada a decisão era preciso dar um nome ao novo clube. Nesse tempo, apesar da popularidade de que o futebol já gozava, ainda eram os ingleses do Carcavelos que dominavam o futebol lisboeta. O desejo de vencer que havia no grupo alcantarense fazia com que as vitórias dos ingleses do Carcavelos lhes provocassem um sentimento de fascínio. Eles queriam vencer, tal como o Carcavelos.

O pequeno clube alcantarense queria vencer como os mestres ingleses, e devia começar como um Carcavelos em ponto pequeno. O nome, por sugestão do jovem Carlos Canuto, seria Carcavelinhos.

E assim, aceite o nome por todos, nascia a 14 de Fevereiro de 1912, em Alcântara, o Carcavelinhos Football Club.

Ao longo dos seus 30 anos de existência, o Carcavelinhos conquistou vários feitos no panorama do Futebol Português, destacando-se naturalmente o Campeonato de Portugal de 1927/28, à data a mais importante competição de Futebol em Portugal que coroava o Campeão Nacional. Não sendo uma das equipas favoritas à vitória na competição, foi com alguma naturalidade que chegou às meias-finais do Campeonato de Portugal, depois de eliminar por 3-0 o Beira-Mar e 8-1 o Salgueiros, para defrontar e vencer o Benfica por uns também esclarecedores 3-0. A final realizou-se no dia 30 de Junho de 1928 no Campo da Palhavã em Lisboa, tendo o Carcavelinhos Football Club batido o Sporting Clube de Portugal por 3-1.

 

 


União Foot-Ball Lisboa

 

O União Foot-Ball Lisboa foi um clube da cidade de Lisboa, mais concretamente em Santo Amaro, Alcântara, fundado a 3 de Março de 1910 e extinto a 18 de Setembro de 1942 após fusão com o Carcavelinhos Football Club, que deu origem ao Atlético Clube de Portugal.

 

 

Dos clubes fundadores do Atlético Clube de Portugal o União foi o que se estabeleceu primeiro. Curiosamente, ou talvez não, também é o clube sobre o qual existe menos informação.

Fundado a 3 de Março de 1910, o União nasce devido a um grupo de amigos denominado de «Os Quinze». Eram, portanto, 15 os elementos fundadores, além dos quais mais ninguém poderia ser admitido no novo clube.

António José Pires, João França, António Marques, João Pilones, Alberto Soares, Arnaldo da Mata, António da Mata, João da Mata (três irmãos), Silvestre Ramalho, Manuel Esteves, Francisco Lopes, José Garcia, Artur Garcia, Luís Ferreira e Henrique Viegas eram os integrantes do grupo «Os Quinze», sendo que ficou António José Pires conhecido como o fundador do União.

Do primeiro desafio pouco se sabe, apenas que venceram o Grupo de Futebol Imperial, da Rua da Cruz, no Campo da Junqueira.

Porém os 15 sócios eram um número reduzido. Em casa de António José Pires realiza-se uma Assembleia Geral para deliberar a admissão de sócios sem limite. Aceite a deliberação, o número de associados aumenta, muito graças aos esforços de António da Mata e António José Pires.

Em Agosto de 1910 o Grupo de Futebol Benfica organiza um torneio de futebol para quintas categorias, e o União disputa o torneio junto com 17 outros clubes. O União, nome que simbolizava a amizade de todos os sócios, venceu o torneio sem uma única derrota. Foi a primeira taça ganha pelo União, e por obra da fusão com o Carcavelinhos, é a taça mais antiga do Atlético.

 

 

No ano seguinte, 1911, o União concorre novamente ao torneio do Grupo de Futebol Benfica, mas agora com duas equipas, nas terceiras e quintas categorias, vencendo em ambas.

Já com sede própria, instalada na Rua dos Lusíadas, n. º 141, perto do Jardim de Santo Amaro, é constituída a primeira Direcção, formada por Manuel Varela (Presidente), António da Mata (Vice-Presidente), Joaquim Basílio (1º Secretário), João Soares França (2º Secretário) e Raul Ramalho (Cobrador).

Nas comemorações do primeiro aniversário foi, naturalmente, incluído um desafio de futebol e o convidado foi o Grupo Futebol Benfica. Foram os sócios do União que carregaram bilhas de barro cheias de água para os jogadores se poderem lavar no final do jogo. Outros carregaram as balizas às costas para o Campo da Junqueira, que era o campo de todos os clubes. Ali também jogavam o Alcantarense, o Imperial, o Ocidental, e tantos outros…

Em 1913 a primeira categoria do União tornou-se a terceira categoria do Sport União Belenense e ficou em 2º lugar no Campeonato da Associação de Futebol de Lisboa. Tal aconteceu porque o União não tinha campo, e a Associação não aceitou a inscrição. Para não ficarem inactivos, os jogadores resolveram defender o clube de Belém.

Como em 1914 o União ainda não disputava provas oficiais, os seus jogadores formaram uma categoria do Lisboa Futebol Clube, passando depois para o Império.

Finalmente, em 1917, o União consegue filiar-se na Associação de Futebol de Lisboa, com as terceiras e quartas categorias. No ano seguinte chegam à final com o Benfica, mas perdem. Em 1919/20 a terceira categoria alcança o título de campeão, ao vencer na final o Grupo Desportivo da Fábrica das Seixas, por 3-0.

Na temporada de 1920/21 o clube de Santo Amaro venceu o Campeonato da Promoção e subiu à 2ª Divisão.

Com a entrada na 2ª Divisão novos problemas surgiram. O Império acedia ceder o seu campo. Porém João Duarte, pilar da defesa Imperial, adoece, e o Império Lisboa Club volta atrás na sua decisão. Em hora de aflição aparece o Chelas Futebol Clube a oferecer o seu campo e o problema é solucionado.

A partir dessa altura a preocupação do clube passa pela obtenção de um campo próprio. A Direcção, em 1926, composta pelo Eng.º Perestrelo Aguiar, Paulo Ferreira, José Marques Cardoso, Guido Gomes Rosa e Alberto Marques, nomeia uma comissão, formada pelo Eng.º Aníbal Matriz Fernandes e Paulo Ferreira, com a missão de, junto do Marquês de Vale Flor, encetar conversações para a cedência de um terreno em Santo Amaro.

O Marquês acede, e forma-se outra comissão para levar a cabo obras de construção do novo campo.

Porém, alguns anos depois, o Marquês pede a devolução do terreno. Foi um duro golpe nas aspirações do já popular União. Mas a Direcção decide encarar o problema e resolvê-lo.

Formada nova comissão, composta pelo Eng.º Aníbal Mariz Fernandes, José Maria Amaral e João de Almeida Governo, esta encetou, novamente, conversações com o Marquês de Vale Flor com vista à obtenção de novo terreno. Estamos a falar do terreno onde se viria a situar o Campo de Santo Amaro, onde actualmente se encontra instalada a Escola Francisco de Arruda.

O Marquês de Vale Flor acedeu, e doou quarenta e quatro contos para a compra do terreno, após a qual juntou-se a comparticipação de José Cardoso e Paulo Ferreira, iniciando-se assim as obras.

Inaugurado a 5 de Janeiro de 1930, os festejos integraram dois encontros de Futebol: Vitória de Setúbal-Benfica e União-Lusitano de Évora.

O terreno, com 103 metros de comprimento por 63 de largura não viu cumprido o projecto das obras na sua totalidade, já que a empreitada atingia uma verba a rondar os 700 contos, o que em 1930 era incomportável.

Assim nascia o Campo de Santo Amaro, que mais tarde, por via da fusão do União com o Carcavelinhos, viria a pertencer ao Atlético, sendo expropriado em 1950 pela Câmara Municipal de Lisboa.

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